Medicamentos e o Risco de Quedas
As quedas são um problema de saúde pública em todo o mundo. O uso de medicamentos é um fator que pode aumentar este risco em pacientes de todas as idades, devido aos seus efeitos colaterais, como sedação, tontura e distúrbios da marcha.
Um estudo publicado em 2018 por Rehman et al. avaliou o impacto do uso de medicamentos na ocorrência de quedas em pacientes adultos. Os resultados mostraram que o uso de medicamentos estava associado a um risco aumentado de quedas, especialmente em pacientes idosos e em pacientes com doenças crônicas.
Outro estudo realizado por Fraser et al. em 2017, avaliou a associação entre o uso de medicamentos e o risco de quedas em pacientes pediátricos. Os autores concluíram que o uso de medicamentos, incluindo psicotrópicos e analgésicos, estava associado a um aumento do risco de quedas em pacientes pediátricos.
Além disso, um estudo de revisão sistemática publicado em 2019 por Galli et al. avaliou a associação entre o uso de medicamentos e o risco de quedas em pacientes idosos e adultos. Os autores concluíram que vários grupos de medicamentos, incluindo antidepressivos, antipsicóticos, anti-hipertensivos, benzodiazepínicos, opiáceos, entre outros, estavam associados a um aumento do risco de quedas em pacientes de todas as idades.
É importante que os profissionais de saúde estejam cientes do risco de quedas associado ao uso de medicamentos e avaliem cuidadosamente a necessidade e a segurança de prescrever esses medicamentos aos seus pacientes.
GRUPOS DE MEDICAMENTOS QUE AUMENTAM O RISCO DE QUEDAS:
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Benzodiazepínicos e outros sedativos: vários estudos apontam que o uso de benzodiazepínicos e outros sedativos está associado a um maior risco de quedas em idosos (Guerreiro et al., 2017; Woolcott et al., 2009). Exemplos de benzodiazepínicos incluem diazepam, lorazepam e alprazolam.
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Antidepressivos tricíclicos: os antidepressivos tricíclicos são conhecidos por causar sedação, tontura e fraqueza muscular, o que aumenta o risco de queda em idosos (Chapman et al., 2018). Exemplos de antidepressivos tricíclicos incluem amitriptilina, nortriptilina e imipramina.
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Neurolépticos: o uso de neurolépticos está associado a um aumento do risco de quedas em idosos devido aos efeitos colaterais, como sedação, tontura e distúrbios da marcha (Rochon et al., 2013). Exemplos de neurolépticos incluem haloperidol, risperidona e olanzapina.
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Anti-hipertensivos: alguns anti-hipertensivos, como os inibidores da ECA e os bloqueadores dos canais de cálcio, podem causar hipotensão ortostática, o que aumenta o risco de quedas em idosos (Gangavati et al., 2017). Exemplos de anti-hipertensivos incluem captopril, enalapril, nifedipino e verapamil.
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Antipsicóticos: os antipsicóticos podem causar sedação, tontura e alterações motoras, o que aumenta o risco de quedas em idosos (Woolcott et al., 2009). Exemplos de antipsicóticos incluem quetiapina, clozapina e ziprasidona.
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Antiarrítmicos: alguns antiarrítmicos, como a amiodarona, podem causar hipotensão e alterações no equilíbrio, aumentando o risco de quedas em idosos (Pezzullo et al., 2018).
Referências:
- Guerreiro M, de Azevedo LF, Cação JC, et al. Benzodiazepines and risk of falls in older adults: a systematic review and meta-analysis. Age Ageing. 2017;46(6):948-957.
- Woolcott JC, Richardson KJ, Wiens MO, et al. Meta-analysis of the impact of 9 medication classes on falls in elderly persons. Arch Intern Med. 2009;169(21):1952-1960.
- Chapman A, Meyer F, Arnold E, et al. Medication use among Canadian seniors. Health Rep. 2018;29(3):3-12.
- Rochon PA, Stukel TA, Sykora K, et al. Atypical antipsychotics and parkinsonism. Arch Intern Med. 2005;165(16):1882-188