PDCA e H
Em 2012, quando morava na Alemanha e desenvolvia meu projeto de doutorado, tive a oportunidade de observar a organização e a velocidade dos alemães na execução de obras públicas, em comparação, é claro, com o Brasil. Meu supervisor me disse que essas obras demoravam a começar, pois investiam muito tempo no planejamento, tinham uma fase de execução muito rápida, considerando a proporção do tamanho do projeto, e apresentavam resultados sempre muito positivos com pouco impacto no dia a dia da cidade. Não sei se essa cultura ainda prevalece, mas acredito que sim.
Desde então, venho praticando e estudando a arte da gestão. E no caminho do aprendizado, você encontrará vários conceitos de diversos estudiosos, que não vou citar aqui para não ser entediante. Mas, sugiro que pesquisem nos motores de busca os principais conceitos da literatura sobre o tema; tenham certeza, caros leitores e queridas leitoras, que a frase a seguir reúne os mais importantes: a gestão é um conjunto de conhecimentos técnicos e psicossociais, que, quando bem aplicados, conseguem inspirar pessoas e desenvolver seus talentos para usar de forma criativa os recursos institucionais, para alcançar um objetivo único, por meio de planejamento, organização, previsão, adaptação, medição e comunicação.
Não importa quantas referências sobre gestão você tenha lido, na maioria delas deve haver um elemento-chave para o sucesso de um gestor: o OBJETIVO. Saber onde se quer chegar é essencial para definir uma estratégia e usar quantas ferramentas forem necessárias para alcançar os resultados desejados.
Todos devem conhecer o ciclo PDCA, um roteiro de melhoria que tem como ponto de partida o planejamento. Não é à toa que Deming colocou esse “P” como ponto de partida. Compreender o problema, coletar dados do cenário atual, prever riscos, estabelecer um plano é a base para se aproximar do objetivo. No entanto, esse plano não pode ser inflexível; o gestor deve ser resiliente para superar as adversidades e, o mais importante, ser um encantador de pessoas.
Isso mesmo! Toda lógica produtiva tem pessoas em seu núcleo, tanto no processo produtivo quanto na entrega de valor. Não considerar a natureza humana nos processos de gestão é um erro que pode custar caro. E quando entendemos esse ponto, muito pode ser explicado.
Por que alguns resultados só se sustentam no PowerPoint? Será que o gestor não sabia o que fazer?
As respostas para as perguntas acima podem ser várias. Mas, vou tentar explicar com base na minha experiência e usando a seguinte citação de Peter Drucker: “A cultura come a estratégia no café da manhã”.
Se estou inserido em uma cultura organizacional punitiva e verticalizada, onde “caixas” chamadas de gerências administram áreas específicas sem muita comunicação e a busca de resultados individuais é significativa para o reconhecimento (lembrem-se desse termo), então, objetivos individuais passam a ser mais importantes do que os organizacionais, onde cada “feudo” persegue resultados sem se importar com os processos.
A mudança cultural de muitas instituições deve ser priorizada, alterando a forma de reconhecimento, valorizando as entregas coletivas em detrimento das individuais, incentivando os feedbacks e a busca contínua por melhorias humanas.
Portanto, acrescente um “H” ao PDCA e foque no “human development” (desenvolvimento humano). Você se surpreenderá com os resultados.
Autor: Assuero Meira
19/07/2023.